MIRAGEM

Amei uma linda mulher, simples e sobretudo sincera, alguém quase perfeita, pura e bastante inteligente, ela representava o sol da minha vida, a alegria rompante matinal, a loucura da paixão a altas horas, como uma ilha isolada, num mar minado de antigas relações superficiais, foi diferente de tudo o que já senti e vivi, tenho saudades desse tempo de complementaridade interna, de sorrisos desbravados, de felicidade incessante, se hoje vivo no alto deste planalto, se por força da minha mente construí este castelo, foi porque esperava que a avistasse do meu velho e amigo farol, sempre confidente e conselheiro imaginário, é pena que essa representação que outrora idolaterei, hoje já não exista mais, já não sei do seu paradeiro, imagino que a vida lhe tenha corrido de feição, porque não mais a avistei ao redor, será fantasia ou realidade esta miragem, onde andará tal figura esguia?