DESPREENDIMENTO

Se eu disser que te adoro, será que esqueçes o mal que te fiz sofrer, se eu te escrever um poema, será que consegues perdoar-me pelo que te fiz passar, sabes que a forma do meu coração tem as feições da tua cara, apetece-me mirar-te, tocar-te, beijar-te, acariciar-te, moldar-te, hoje és a minha arte, amanhã uma parte da criação da nação do meu coração, o meu defeito é tratar a próxima como a primeira, repetir o início do processo sedutivo, não consigo cansar-me da tentação da conquista, não sei sossegar, gostava de saber ficar e assentar, por vezes dizer adeus é a única forma de voltar a ser feliz, uma segunda oportunidade de concretização, desculpa ter-te traído, tive que seguir com a minha vida, não te culpo pela minha falha, sei que colecciono corações quebrados, sofro de hiperactividade emocional, lembro-me de ser fácil no início, oscilante no meio e insuportável no final, tive que largar-te a meio da viagem, a pressão instalou-se e trouxe com ela o despreendimento, desculpa a carta de despedida, é sentida mas repetida!!