ANALEPSE

Faz tanto tempo que eu dominava os meus pensamentos, agora eles correm livremente, sem domínio, limito-me a relembrar o sabor de tais memórias. A primeira vez que te vi, captas-te em mim uma atractividade singular, senti uma ligação genuína, como se já te conhecesse de outrora. No nosso primeiro encontro, nem sabia o que esperar dessa partilha, mas mal vi o teu doce sorriso, ganhei a viagem. Foi bom saber que da tua parte, palpitavas secretamente que talvez fosse o começo de algo novo, um abrir de portas ao propósito amoroso. Lembro-me de te dizer que, gostava do brilho dos teus olhos, mas de me questionar interiormente se eles diziam a verdade. Sabendo eu que o meu brilho se baseava na reciprocidade, pedi-te que procurasses o melhor de ti, se te quisesses um dia dar-te a mim. Nos tempos posteriores guardei um aperto no peito, pela incerteza do nosso futuro, até que chegaste e nunca mais partiste. Anteriormente eu tinha procurado por alguém como tu, alguém a quem eu reconhecesse veracidade, ser-me leal à confiança, desprovida de interesses adversos, apenas naturalidade sentimental. Sempre soube que a arte de gostar de alguém, é uma mistura fina entre sentimentos, sonhos, erros e esperança, perdoamos porque maior o erro seria tentarmos o esquecimento. Agora que estou no último capítulo da minha vida, lembro-me que fui uma criança que sonhou, um rapaz que brincou e um homem que amou. Eu fui tudo aquilo que o meu ego quis prá mim, mesmo longe e antes do fim, eu já sabia que ia ser assim, porque quem tudo teve, pode desaparecer sem nada ser seu, apenas um grande amor na bagagem!!