BRINQUEDO

Ela é apenas mais uma dançarina sem cara, não quer o amor e neste caso chama-se Lara, precisa de sentir o toque na pele para se abstrair da dor que não sabe a mel, foi abençoada com bom gosto e excelência, precisa de moderar a sua rebeldia na iminência de cair do penhasco, passou por uma extensa metamorfose emocional e lutou contra o fracasso matinal, usou a criação para se proteger de máscaras, controla o movimento corporal diante dos olhares alheios, evita apoderar-se de juras de saliva, suor e sangue, tem medo de se entregar e voltar a amar, em certo nível de envolvimento é à queima roupa que atira as palavras que afasta o sentimento casual, o que é que querem de mim suscita ela para a plateia, sabe que não está disponível para partilhas, mostra o baralho de cartas e só joga quem quer jogar e não magoar, quer apenas usar e descartar, poder apreciar, equilibrar para mais tarde largar, eles escolhem como se fosse ilusão e lucrassem com a sua sincera opção, é possuidora de várias personalidades distintas que vieram à tona com o decorrer da crise da idade, navega por um mar de notas outrora tortas nas carteiras gastas de rostos, hoje vive com traumas corporais passados em que nenhum dos intervenientes foram mimados, foi um brinquedo primeiramente a medo, mas depois cedo percebeu o segredo de quem brinca com o dedo acusador, também pode ser um pecador perdedor!!