CAMARADAGEM

Naquele verão eu casei com a noite, fui amante da lua, nada melhor do que ter voado de bicicleta por aquelas ruas da cidade, descobrir todos os recantos, admirar as suas formas, observar a conjugação das luzes, a misticidade das pessoas, o seu barulho de fundo, o cheiro a frescura e a cativante novidade no ar, não sei como ela chegou até mim, mas assim que a presenciei evidenciei a sua loucura selvagem, muitas gotas de água fazem um oceano, a minha alegria deu-se de bom agrado ao convite de invasão libertina, olhares trocados, sorrisos assegurados, segredos partilhados, momentos requintados, corações apertados, futuros imaginados, lá longe no tempo não interessa para onde eu vá, não interessa para onde tu vás, no fim sei que estaremos juntos de novo, porque eu estive sempre a teu lado desde o início, é fácil nos bons momentos mas foi nos maus que me reconheceste, no pote da timidez largámos sonhos, as palavras saíram com uma eloquência incrível, os perdões foram clarificados, é preferível um grito de revolta no momento, do que viver silenciosamente magoado, eu encontrarei sempre algum jeito de te mostrar que tu foste feita para mim, que eu me moldo a ti, a beleza daquela nossa camaradagem numa noite de lua cheia, foi um brinde a vivências passadas, tudo o que eu preciso é do teu sorriso, eu posso-te mostrar o retracto da felicidade, eu quero voltar a esquecer tudo, só para poder viver novamente como se fosse pela primeira vez!!