HERANÇA

Cedo percebi que o nome dela era fictício, foi jogada acertada, naquela noite nem me importei e virou propício, deixei fluir e o clima rolou longe do olhar do namorado dela, quase de manhã e ainda sentia o gosto que aquela boca gostosa tinha deixado marcado na minha melosa língua, as roupas foram apressadamente rasgadas, as peles foram sentidamente coladas, as palavras entraram em modo poupança, os movimentos sensuais foram de esperança, os corpos envoltos numa dança, os cabelos entrelaçados como uma trança, o fim da noite chegou e com ela trouxe a herança, o tempo de reacção entre a percepção do estímulo sensual e o momento de resposta sexual foi incrivelmente veloz, inicialmente perguntei-lhe porque é que geralmente as pessoas quando beijam na boca inclinam a cabeça para a direita, ela sorriu e propôs sentados à mesa a descoberta e me deita, o amor é uma força universal brutal, que se vai espalhando e desgastando aos poucos, até que com um simples tique taque explora, inova e se renova, os intervenientes mudam as regras sem permissão, unem pensamentos em sentimentos, conjugam filosofias em doces melodias, ninguém quer perder, trocam ordens como se fosse uma guerrilha, agem antes de pensar na partilha, unem a teia como uma plateia que por vezes esperneia, que beleza ver-te junto a mim, carrego uma herança que não dispenso nem com a paga da fiança. estás a tentar ler a minha mente mandando mensagens subliminares, uma emoção que te segue, uma sensação que me persegue!!